Às vezes, é uma questão de anos. Noutros casos, acontece em poucos meses. Rostos comuns transformam-se totalmente, num sinal demasiado visível da destruição levada a cabo pela entrada no mundo da toxicodependência.
Estas profundas alterações corporais não passaram despercebidas a King Bret, oficial da polícia do condado de Multnomah, no estado norte-americano de Oregon. Depois de anos a entrevistar toxicodependentes acabados de ser detidos, o agente foi arquivando as suas fotos e observando as drásticas transformações na sua aparência.
Há seis anos criou o projeto "Faces of Meth ", baseado em fotografias de dependentes de metanfetaminas, para alertar os adolescentes de mais de 500 escolas sobre os perigos do consumo de droga. O "programa educacional" ganhou forma e o impacto gerado levou à criação do projeto "From Drugs to Mugs ", um documentário agora com imagens de consumidores das mais diversas drogas, desde a heroína, à marijuana, cocaína e álcool
"Não se trata de usar o medo como ferramenta educacional. Todos sabemos que os adolescentes ligam muito à sua aparência e estas imagens são uma forma positiva de os chocar", explicou Bret King ao Expresso. "Muitos ficam em silêncio, introspetivos. Outros dizem-me: 'Nunca mais volto a usar drogas. Não quero acabar assim'".
Impacto que as pessoas retratadas não têm capacidade para sentir: "Quando lhes mostro as fotos eles não estão a ver nada de novo. Sabem perfeitamente o que a droga lhes faz, mas estão num estado tão alterado que o que menos lhes interessa é a sua imagem corporal".
Muitos dos rostos destas fotos "acabaram por morrer", conta Bret King. Os que sobreviveram, ou estão presos ou em recuperação. "Recuperação essa que é um processo para toda a vida", remata Bret King.
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