4 de fevereiro de 2009

Cair em desgraça

Não é que isto seja do interesse de ninguém mas, para mim, existem dois tipos de quedas: as outras quedas e as quedas em patinagem artística. Digo isto porque penso haver algo de terrivelmente hilariante em ver duas pessoas – jovens, em forma, com uma indumentária ímpar e que dominam a dança e o equilíbrio, exibindo movimentos majestosos que tangem a impossibilidade – a afocinhar com a puta da cara no chão, ficando com gelo suficiente na boca para servir p’raí uns 5 martinis e 2 baileys. É impossível não partilharem da minha opinião se seguirem a cronologia de pensamentos de um patinador artístico: No início, com um ar altivo: “Olhem para mim: uma duas, três piruetas pelo ar. E logo no instante seguinte, com um ar badalhoco: “Olhem para mim: um, dois, três dentes pelo chão”. E, como se não bastasse, em mais sítio algum irão ver uma pessoa recompor-se de uma “bruta palhaça” com um flying sitspin seguido de um backflip.
Uma das quedas mais intensas, e minha predilecta como é óbvio, surge quando o elemento masculino toma balanço e atira (literalmente) a gaja pelo ar aos rodopios como quem diz: “amiguinha, preferiste patinagem artística em vez de seguir os estudos? Pois agora desenmerda-te”. É daqueles movimentos que nos põe a pensar: “altura, piruetas, gelo, lâminas, mini-saias e collants? Mas o que é que poderá correr bem ali?”
O vídeo que se segue mostra toda uma variedade de quedas, e para todos os gostos. No entanto, peço especial atenção para duas coisas: o preciosismo da música escolhida e atenção redobrada logo para o segundo malho, designado na linguagem artística de “chapinhar no gelo”. Ou ainda, caso prefiram a abordagem corriqueira da gíria popular: “foste de cona”.
Para terminar, também não são de menosprezar a técnica do elemento masculino aos 0:25s, sobejamente conhecido no meio artístico por "o salta pocinhas", do artista dos 0:33s que, diz-se, ainda está a recuperar de uma PMD (psicose maníaco-depressiva), daí estes "vipes", e, finalmente, do elemento feminino aos 2:05m, uma outsider que não consegue distinguir ainda patinagem artística de capoeira.


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