8 de janeiro de 2009

Uéipá, olhamesse tôuro!

Touradas à corda são poucas as pessoas que não sabem o que isso é. No entanto, e para quem não sabe, eis um pequeno achega a uma tradição que ronda desde o século XVII.
O primeiro registo conhecido da realização de uma tourada à corda data de 1622, ano em que a Câmara de Angra organizou um daqueles eventos, enquadrado nas celebrações da canonização de São Francisco Xavier e de Santo Inácio de Loiola. Embora muitos admitam que as corridas de touros à corda nos folguedos populares já ocorressem há muito, o que justifica a inclusão daquele evento numa festividade oficial.
Tourada à corda, toirada à corda ou corrida de touros à corda, é um divertimento tauromáquico tradicional nos Açores, com particular expressão na ilha Terceira, acreditando-se ser a mais antiga tradição de folguedo popular do arquipélago. A modalidade tauromáquica é específica dos Açores e caracteriza-se pela corrida de 4 touros adultos da raça brava da ilha Terceira ao longo de um arraial montado numa rua ou estrada, num percurso máximo que regra geral é de 500 m. O animal é controlado por uma corda atada ao seu pescoço (daí a designação do tipo de tourada) e segura por 6 homens (os pastores) que conduzem a lide e impedem a sua saída para além do troço de via estipulado. A lide é conduzida por membros do público, em geral rapazes, embora seja admissível a presença de capinhas contratados. Após a lide, os animais são devolvidos às pastagens sendo repetidamente utilizados, embora com um período de descanço mínimo de 8 dias.
Quem olha para vídeos, como o que vou de seguida a apresentar, pensa que "não sei porque eles vão às touradas, estão sujeitos a levar marradas e podem-se magoar a sério!". Mas acreditem quando digo que quem leva as marradas normalmente são pessoas que não são da terra, nunca viram uma tourada e consequentemente não sabem o que fazer consigo próprios num arraial! Nas touradas, a média de marradas são de apenas 2 a 3 por tourada. Tendo em conta que são 4 touros, e é muita gente que vai ver esse tipo de evento.
Convém salientar que os terceirenses não gostam de ver as pessoas a magoarem-se, gostam simplesmente duma boa marrada!


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