Três "grandes" podem vir a ter problemas de tesouraria ...

O director-geral do grupo de consultoria Favvus admitiu esta terça-feira que os três "grandes" do futebol português, Benfica, FC Porto e Sporting, venham a registar problemas de tesouraria, caso se mantenha a tendência de crescimento dos prejuízos.

Hélder Varandas, especialista em economia e finanças, designadamente para a área do desporto, comentava à Agência Lusa os relatórios e contas dos três clubes relativos aos primeiros nove meses do exercício: 1 de Julho de 2008 a 31 de Março deste ano.

“A manter-se a tendência de aumento dos prejuízos dos primeiros nove meses, a situação de tesouraria vai agravar-se e os clubes podem entrar em incumprimento, caso os bancos não apoiem, e ou, excepto se venderem activos (jogadores e as participações sociais que detêm)”.

Para chegar a estas conclusões Hélder Varandas baseou-se, designadamente, nos “custos exagerados do plantel do FC Porto, tendo em atenção a realidade económica do país” e no “endividamento geral e consequente encargo financeiro com a dívida” apresentados por Benfica e Sporting.

“A manter-se a tendência, os prejuízos conjuntos dos três grandes no final do exercício (30 deste mês) podem crescer, comparativamente ao ano anterior, em cerca de 40 milhões de euros”, previu.

Segundo este especialista os prejuízos do Benfica deverão ultrapassar “os vinte e tal milhões de euros (atingiam pouco mais de 18 milhões nos primeiros nove meses), enquanto os de FC Porto e Sporting poderão oscilar entre os oito ou nove milhões cada (rondavam os seis milhões por clube).

Na opinião deste especialista a situação financeira dos três clubes “só poderá ser revertida se tomarem, cada um por si, algumas decisões” que enumerou.

“No caso do FC Porto, que apresenta um plantel grande e principescamente remunerado, tendo em atenção a economia real do país, o clube terá de renegociar e reduzir aqueles encargos, sob perigo de entrar numa situação de grande dificuldade financeira e agravar a dívida”, disse.

Já para Benfica e Sporting, Hélder Varandas defendeu “não bastar aos dois clubes a libertação de fundos da actividade normal” para resolver a actual situação, “sendo obrigados a vender activos - jogadores e capital que detêm nas sociedades gestoras de participações sociais”.

“Em geral nenhum dos três clubes está em condições de gastar muito dinheiro na aquisição de jogadores, sob perigo de aumentar os encargos e consequentemente a dívida”, afirmou, apontando o caminho a seguir: “Não cometerem loucuras e estarem preparados e mentalizados para a necessidade de vender jogadores”.

Fonte: Açoriano Oriental